30 abril 2013

Bom dia, bom dia...

Dizem que a maneira como se dorme diz muito sobre a pessoa, a posição do sono. Durmo sempre de lado. Virada para a parede. Com um braço a cruzar-me o peito. A fechá-lo. Num acto instintivo de protecção de mim. Hoje, acordei enovelada em mim. Acordo devagar. Estico as pernas. Deixo o meu braço que me guardava esticar-se e fico de peito aberto. Devagar. Deixo a protecção dos sonhos cair. Devagar. Abro os olhos. Devagar. E espero para ver o que o dia me vai querer trazer. With arms wide open, under the sunlight... E assim, bom dia, bom dia...

29 abril 2013

Just in case...

Maria Francisca, bicho bom de sua Mãe: 
para o caso de um dia a sanidade mental, aquela se me vai(s) comendo aos poucos se esgotar, fica aqui o registo. No dia em que tiveres uns trocos e achares que a tua Mãe, esta que escreve, até que nem é má rés e até que é uma gaja porreira para ti, livra-te, assim, que nem te passe pela cabeça, de me ofereceres pelo dia da Mãe ou por qualquer outra ocasião festiva alusiva à minha pessoa o seguinte: colares, berloques, pulseiras, pelúcias, camisolas, tatuagens de colar com cuspe ou outros que tal a dizer "Mom", "Mãe", "Mommy", "Mamã" (ou outras designações referentes ao ter-te posto neste Mundo e te criar)  seguidos de um "I lobe you", "#1 Mom", ou "Mommy knows best". Seria coisa de me dar uns abafos. Credo! 

A arca congeladora é a arca dos tesouros...

Encontrei um relógio. Na arca congeladora. E uma pépé. Congelados. Ambos descongelaram. Ambos funcionam. Francisca investiga os poderes da criopreservação. Eu perco mais uma gota de sanidade mental. Depois de explicar que ali se guarda comida. Não tesouros. ( E depois de me rir às escondidas....)

Caro senhor do tempo...

... ou que manda no tempo, ou São Pedro ou seja lá quem for: tenho a dizer-lhe que tem um sentido de humor absolutamente retorcido. Isto uma pessoa queixa-se que está calor, abafos, queimaduras e tal, mas caso não saiba, o Português é excelente em queixar-se. Profissionais mesmo. Mas, andei eu nas sopeirices de troca camisolões por t-shirts e saias e ai que está calor e vou comprar mais umas sandálias (e estava, quando as comprei e há-de voltar, no returns, ómessa) e agora alombo com este gelo? Ahahahah. Pois. Piadinha. Verdadeiramente retorcido, esse sentido de humor. Deu ma libre. (claro que me vou queixar quando voltar o calor. Um esmero na arte do queixume meterológico). E depois, até que me corre bem o dia, frios à parte. Even on a Monday... vá-se lá perceber...

27 abril 2013

Ela também quer(ia)...

... uma mala daquelas, pretas, clássicas, daquelas que vão com tudo. Mas Cháneles não há. Acho que ela não se importa ( em tempos, posaria piquena numa sala de gente decente. Agora, é assim uma coisa indefinida.)

26 abril 2013

Um (o) coração...

Um coração é uma casa. Com telhado, portas e janelas. Um coração é uma moradia. Com um jardim em frente a ela, onde se senta quem não é convidado a entrar, a trespassar a porta de entrada. Um coração é uma casa. Com várias divisões. Tem uma sala onde ficam os que não são convidados a privar na intimidade. Um coração tem espaços reservados, como uma casa de gente. Onde só se vai sob autorização. Onde só se entra quando se é permitido, sob pena de ser banido do mesmo se se infringir a vontade do dono desta casa que é o coração. Porque um coração não vive de porta aberta, de janelas escancaradas. Porque um coração é uma casa e tem janelas mas também tem portadas. Porque tem porta mas também tem fechadura. Porque no meu só entra quem eu quero. Porque quando nele entram, ficam a morar em mim. Porque no fundo, um coração é uma casa. E o meu é apenas casa de quem gosto. Sem espaço ao luxo de pensar que um dia a casa vem abaixo...

25 abril 2013

Hoje, foi assim. E era tudo muito bom...

 (água? aqui? wow!)
... nothing but blue skies! 

25 de Abril e como o que mudou ficou igual...

O meu Pai é da geração da Revolução. Andou na rua a lutar por uma Liberdade. Os anos passaram. O meu pai foi da geração da Revolução. Dos cravos vermelhos. Das manifs. Do lutar por poder falar. De ver os Amigos fugirem para França, em busca de dias melhores, de vidas melhores, em fuga a uma prisão certa por elevar a voz contra o Regime. Os anos passaram. Hoje, tenho muitos mais anos do que o meu Pai tinha quando andou a lutar por uma Liberdade. Eu sou da geração rasca. Ou da geração à rasca. De uma geração que vê na mesma partir os Amigos. Que os vê sem perspectivas de futuro neste Portugal. De uma geração que se vê sem horizontes. Mais de metade dos meus Amigos partiram. Os que ainda cá estão, alguns, irão partir em breve. Outros, continuarão na esperança de melhores dias. Uns ficam porque querem, outros ficam porque partir (ainda) não é opção. Ponderei muitas vezes partir. Ir embora sem ideia de voltar um dia. Ficar do lado de lá do Atlântico. Ir para os Países Nórdicos. Mas fui ficando. Vou ficando. Ainda. Os anos passaram. E o meu Pai, hoje, recusa-se a falar dos dias e das noites em que saiu à rua a lutar por uma liberdade. Porque olha para a Filha e vê que sim, que pode falar, que pode exprimir a sua opinião sem isso acatar uma sentença de prisão. Mas onde lhe vê as mesmas dificuldades, a mesma luta, a que achou que quando saiu à rua e cantou "Grândola", seria a borracha das dificuldades em gerações vindouras. Eu olho para a minha Filha e não sei que futuro lhe poderei dar. Porque eu, até hoje, safei-me. Procurei. Esforcei-me. Tentei. Falhei. Voltei a tentar de novo. Tive sorte, admito. Não foi só sorte, mas tive-a também. Mas olho para a minha Filha e não sei que futuro lhe poderei dar. Gostaria de não ser esta geração tão à rasca. Tão desanimada. Tão soturna. Gostaria de lhe dar um Portugal de horizontes. Um Portugal onde a ideia de partir porque é impossível ficar não fosse o legado da minha geração. Esta, que a conta-gotas pesadas, se vai embora. Eu, vou ficando. Porque sei que se for, não voltarei a este meu País. E gostaria muito de pensar que, um dia, o meu Pai volte a achar que tudo valeu a pena. Que não foi em vão os riscos que correu. Que das cinzas que vejo neste meu País algo bom renascerá. Porque sou Portuguesa. E gosto do meu País. 

24 abril 2013

O primeiro de muitos...

Francisca foi de boca ao chão no seu passeio matinal. Diz que passou cão e piquena foi no furacão canino. Sangues e urgências à parte, Francisca está bem. A capacidade do corpo dos piquenos sarar é algo que me fascina. Anda a correr atrás da Mofli como se nada se tivesse passado. E ainda bem que assim é. Tem o lábio inchado e um lanho que há-de sarar. No fundo, o primeiro de muitos. Porque eu esfolei muito joelho e muito cotovelo. E quero que a minha filha saiba o que é brincar fora de 4 paredes. E que aprenda que os acidentes acontecem, porque o Mundo não é almofadado. Aprender que se cai mas que também se levanta. E que haverá sempre alguém para a ajudar a levantar. E que isso lhe dê a vontade de ser curiosa, de brincar, de correr. Sem medo de poder cair. E quando a queda acontecer, saber que no meu regaço estará sempre o melhor anestésico ( diz que só pode comer coisas frias e assim tipo gelados... está aborrecidíssima... )

23 abril 2013

No dia mundial do livro...

E tudo o vento levou. As palavras que nunca te direi. Cem anos de solidão. 1984. Anna Karenina. Amor, curiosidade, prozac e dúvidas. Admirável mundo novo. Trilogia Millenium. O amor é fodido. Harry Potter. Os Maias. Memórias das minhas putas tristes. O mundo de Sofia. Paula. Retrato a sépia. A casa dos espíritos. Antes de adormeceres. Como água para chocolate. As pupilas do senhor reitor. A queda de um anjo. O Princepezinho. Fernão Capelo Gaivota. O perfume. Misery. The dark half. 
Sem ordem de preferência, alguns dos livros que me deram muito. Que li e reli. Que me deram sorrisos. Que me deram lágrimas. Que me prenderam até à última página. 

Se a magia está nas pinturas...

Quando era miúda, passei uma fase em que ouvia No Doubt ad nauseum. Hoje, enquanto descobria que o pincel do blush estava babado até à quinta casa, lembrei-me de uma música. Magic's in the makeup... Qualquer coisa como... " (...) makeup's all off, who am I, if the magic's in the makeup, then who am I?". Enquanto a colocava, lembrei-me dela. BB, blush, rímel. Porque tudo se aprende. E muitas coisas, para serem aprendidas, têm de se sentir bem fundo na pele, bem fundo, bem lá dentro. E enquanto me olhava ao espelho, sei que aquela do outro lado do espelho é a capa de mim, não eu . Porque eu não quero que seja. Porque eu não me permito isso. And now, who am I? 

22 abril 2013

Silêncio...

Por esta altura, começa(r)am as trovoadas. As mais bonitas aos meus olhos. Trovoadas em que avisos amarelos e vermelhos eram emitidos com a antecedência permitida pela inconstância do tempo. Por vezes, muitas vezes, 30 minutos antes do céu desabar. Foram  as trovoadas mais bonitas que já vi. Lembro-me de uma vez em particular, em que escolhi caminhar a pé para casa. Seriam uns 45 minutos. em que precisava muito de caminhar em silêncio com a minha música. Saí num dia claro, de céu limpo. A meio do caminho, o céu ficou negro, escuro, carregado, num espaço de dez minutos. Escolhi continuar a pé. Precisava muito de caminhar em silêncio com a minha música. Lembro-me de ficar encharcada. De guardar a música e ir só assim, em silêncio, cortado pelo som dos trovões. Lembro-me também do silêncio nessas noites de tempestade. Cortado pelo som dos trovões. De me sentar naquela janela, por mim escolhida para temporariamente morar. Uma janela enorme, que inundava a sala de luz boa. Assim como se enchia com a luz branca que cortava o breu de quando em vez. Da chuva grossa a bater nela. Do som de um céu fechado, mas bonito. Por vezes, bebia um copo de vinho, sentada à janela. Para aquecer o peito e distrair a cabeça. Por esta altura, começa(r)am as trovoadas. Agora, o silêncio poderia ser diferente. Lá fora, há um céu limpo. A luz branca é a do luar, que entra tímida nesta janela pequena. Mas o silêncio, esse, permanece igual. Porque descobri que vive em mim, em mais sítio algum, este meu silêncio. Porque me pertence. 

Ela, a draga...

Francisca come que é uma maravilha. Francisca não come, correcção... Francisca devora tudo que lhe cai à frente. Tudo lhe serve, não demonstra sinais de biqueirice até à data. Francisca come mais que eu. E agora está ali com semelhante pança que até tenho receio que rebente pelas costuras. ( Se come é porque come, se não come é porque não come. Gosto imenso desta minha linha de pensamento, um supra sumo da coerência)

5 minutos do meu tempo...

Um dia, ele pergunta-me se tenho 5 minutos para o ouvir. Como não? Claro que tenho 5 minutos, 10, 1 hora. Arranjo sempre tempo para os meus Amigos. Não falamos pessoalmente, há um Oceano entre nós. Há também os fusos horários que fazem difícil o contacto diário. Mas, um dia, ele pergunta-me isso, a horas normais cá e eu desconfio que algo não está bem. Está triste. Está sem saber onde se perdeu. Porque a vida não foi nada do que sonhou. Do que planeou. Que há 10 anos atrás, se imaginava hoje com uma vida tão diferente. Que não a dele. Que não esta em que diz ter caído. Eu ouço. E só lhe digo que a vida nunca é o que se planeia. Nunca. Porque cada dia é único. Porque ninguém sabe o dia de amanhã. Que não conheço alguém cuja vida tenha corrido nos moldes em que a imaginou. Perfeita. Imaculada. Cor-de-rosa. E ele escreve que está triste. E eu só lhe digo que não há vidas perfeitas. Mas que há vidas cheias de imperfeições bonitas. Que a vida é curiosa. Que é para ser estimada e vivida. Independentemente dos solavancos do caminho. Porque a opção contrária, a de se arrastar uma vida sem vida, não é opção. Há que aceitar os solavancos, amortece-los como se consegue e seguir em frente. As lágrimas secam-se. Porque a perfeição imaginada magoa mais que as marcas das imperfeições reais. E por isso lhe digo que a vida se constrói em cada bocadinho. Para não ficar preso ao que imaginou 10 anos atrás. Porque isso não volta. Apenas rouba tempo ao que vem do outro lado do solavanco. 

21 abril 2013

Breves considerações metereológicas da minha pessoa...

Finda a primeira semana de "tempo bom" no Desterro, a coisa resume-se em traços largos assim :
- fui alvo fácil de piadolas da " população de referência", sendo que me agoiram com os 40 graus prometidos, episódios hilariantes ( para eles, não para mim),
- bebi água pior que um camelo e senti-me meia camela porque só me apetecia fazer nenhum. Ou melhor... apetecia-me mar, Mojito, espreguiçadeira. Uma verdadeira camela,
- tenho a cara queimada. Muito queimada. E não me andei a esparramar ao sol. Bastou-me andar na rua várias vezes. É que nem o SPF 25 me safou. Logo arranjo um 50, que sou pouca dada a dar-me assim por vencida. E muito menos permitir que a metereologia  nesta Terra do Inferno me faça enclausurada. Maneiras que é assim... Uma e-mo-ção! ( e a cara queimada está a moer-me... arre!) 

20 abril 2013

Problemas na cartilagem do joelho?

Zezinha explica:
-" Ai moça, estás crocante!"

I rest my case...

Lalaland in the house. Ai, eu deito a Francisca. Tudo bem. Matem lá as saudades. Tranquilo. Francisca acorda de manhã. A minha pessoa, a Mãe, vai como sempre ao seu encontro. Francisca deve ter tido uma noite do caraças. É que Francisca dormiu calçada. De sapatilhas. E ou bem que a miúda já me foge de casa para ir beber uns copos ou bem que... I rest my case...

19 abril 2013

Ah, Sexta-feira...

Há qualquer coisa num laboratório vazio que me fascina. O "meu mundo". Todo para mim. Sem phones. A minha música no meu mundo. Encaixam. Enquanto olho para o tic tac. Time point. Tic tac. As horas a escorrerem na ampulheta digital. Apita. Time point. Tic tac. A luz que escorre por entre os estores, fazendo com que a pouco e pouco se formem sombras, recantos. Há qualquer coisa nisto tudo que me dá segurança. Porque posso nunca na vida encaixar em mais alguma coisa, mas sei que este é o meu mundo. E gosto disto. E do silêncio de um laboratório vazio rasgado pelo que ouço, fazendo com que coração e razão se encontrem, se misturem. Na frieza dos tic tac, microlitros e esterilidade, misturam-se palavras cheias de tudo, onde não existe assepsia de sentimento. E começa assim, o meu fim-de-semana. 

18 abril 2013

Olá Primavera, olá...

... e lá fomos nós, os que catrapisquei, todos contentinhos, em mais um final de dia, fazer algo de útil, ui, mas útil assim, sei lá eu quão... Aborrece-me unhas sem verniz. Que aborrecimento. (eu consigo ser tão, mas tão fútil, que me espanto a mim mesma. Quase me ovacionava a mim própria... quase!). 
(Olhando bem, parece-me a mesma cor que trazia nos anteriores. Mas também sou pouco dada a Pantones. Ela disse Maria Papoila e eu comi. Só porque achei um piadão ao nome)

It's Oksana's day lai lai lai...

- Francisca não acorda!
( Oksana, minha santa, Francisca é sostra!)
- Francisca está doente.
( mau, vai agoirar para outro lado e deixa-me comer em paz milheri)
- Francisca não quer acordar!
( olhe, nem eu e ando cá)
- Francisca dorme
( news flash ?)
- Francisca acordou! Vou já buscá-la!!! 
E depois, quem minha Filha beija, minha boca adoça.

17 abril 2013

Tens saudades de Casa?

Perguntam-me entre um veste bata, tira bata, se tenho saudades. Saudades de casa. Saudades de onde estive. Saudades... Se não prefiro muito mais esta qualidade de vida, sem engarrafamentos. Com mais tempo ao fim do dia a não ser gasto numa fila de trânsito e a demorar 45 minutos a fazer uns míseros 6 km. Procuro rapidamente a resposta em mim, apesar de a saber de cor, Gosto desta qualidade de vida. Do tempo que ganho todos os dias para mim, para ser Mulher, para ser Mãe. Mas tenho saudades. Porque simplesmente, não encaixo aqui. Diria que sou, com este sítio onde estou, algo como água e azeite. Não me misturo. Não me dissolvo. Não há um uníssono sequer. Mas co-habitamos. Toleramo-nos. Água e azeite não se misturam. Co-existem. E a minha cara denunciou a resposta que daria, porque quem ma perguntou sorriu e disse que lhe era muito familiar esse sentimento. A saudade de aonde se pertence. A saudade que vou aprendendo a deixar viver em mim, sem tristeza.

Bom dia em versão "agarrada cosmética"...

Não, não falo de mim. Sim, sou moça dada à besuntice mas refiro-me a mha rica cria. Francisca come creme. Literalmente. Francisca adora trincar, literalmente os seus braços após o creme. Francisca atira-se à bisnaga do dito com vontadinha. Às mãos da Mãe cheias de creme. Com sofreguidão. Piquena é uma agarrada dos cremes. E ainda por cima, achou que a água do Burgo também não lhe caía bem e vai daí toca de se armar em fina e "ai córrore só creme xpto para a pele de sua Alteza" e eu fico de olhos em bico quando ponho os olhos no preço dos ditos. Agora, já não bastava o dela, agarrou-se esta manhã a um dos meus. All over the place. Praguejei. Creme no chão, meu rico creme, que não arranjo neste desterro. Creme na Mofli. Creme no Chico. Creme na toalha. Em todo o lado. E é isto, a minha vida... Bom dia, bom dia... 

16 abril 2013

Todos por um!

Se há coisa de que me orgulho em ser Portuguesa, é a capacidade brutal que temos de ajudar, em ser solidários. Assim, para quem ainda anda a leste da estória do Rodrigo, VÁ ler AQUI o que pode fazer para ajudar. E se não for de outra forma, ajudem ao ser  dadores de medula óssea, não custa nada! Podia ser a minha Filha. E é-me inimaginável a dor desta Mãe ao ver a Natureza querer seguir um rumo que não é natural. Podem dar vida a quem tem a vida a fugir nos tic tac do tempo. 

Porque tudo vale o que se quer...

Porque o gelado que até a minha camisola de seda comeu, não importa. Porque os 5 minutos que lhe deu quando o gelado acabou, não me importa. Porque o facto de a ter carregado ao colo, para ir buscar um "manana" (=qualquer doçaria), me ter deixado numa linha muito ténue entre dor e disconforto, não me importa. Guardo o que importa, a felicidade dela com o seu gelado, num jardim, ao fim do dia. E que um dia, esta foto lho relembre. É o que importa.

E sapatos? Sapatos é que era...

Depois fico com sapatos na cabeça. Aqueles que sei seeeeeempre o número. Sou uma pessoa terrível. Ando com uns debaixo dos olhos. Só porque sim. Moravam tão bem comigo. Íamos passear, todos contentinhos. Não íamos aos saltinhos que partia o salto da coisa, espetava-me no chão e era uma chatice explicar mais um cromo na caderneta das nódoas negras. Mas que bem que moravam comigo... Ah e tal... eu podia dizer que são legado. Assim, tipo herança. Ai 'mha rica filha, quando cresceres, ficam de herança... Naaaaaaaa! Ela que arranje os dela, os meus são meus. E que bem que os que trago fisgados me caíam... A culpa é do drama do sapato infantil. Nada que ver com eu ser raçada de shoeohlic. Nada! Eu só fui ao site da coisa ver sapatos infantis para os calores... nem sei como fui parar aos que me encantam verdadeiramente (e por favor, comparações de sapatinho que entra e fica na perfeição à lá Cindi"f"ella... não!!! Credo em cruz, benzei-me). 

I'm a shoe-Mom-trainwreck...

Maneiras que há coisas com que, volvidos estes meses, ainda não atinei. Tamanho de sapatos. Cada marca, tem a sua forma. O seu tamanho. O número dos ditos, sempre o mesmo. Experimentar com ela? Ahahahahahaha ahahahah... yeah, right. Isto vai um bocadinho na lei do teste. Compra-se (ou encomenda-se, c'est la vie no Desterro). Se serve, maravilha. Se não serve porque está grande, é esperar que a chuleca cresça. Ora, eu, moça dada a combinações, hoje mandei a cria com sapato novo azul que muito me encantou no seu laço de veludo e dá para trocar por outras fitas. Pareceu-me que serviam. Pu-la a andar corredor fora e pareceu-me bem. Mas vai có depois, me avisam que não (um buraco, por favor?). Que a Sô Dona Texuga lhe saem os sapatitos (tão póneis) da chuleca. Pronto gente, acontece. Pelo menos a mim, bastante, estas coisas de I'm-a-Mom-in-the-making-and-some-days-a-shoe-trainwreck. É a vida das Mamíferas. O resto? Haja saúdinha e tudo está bem! 

15 abril 2013

Vai ser a emoção!

Primeiro dia de "calor". Fiquei que nem posso. Calor as, sei lá, 25ºC ou coisa que o valha... Quando fui buscar a Piquena criatura, a Auxiliar que dela cuidava (uma querida, gosto dela. A sério que sim, mesmo!) ia-se desmanchando a rir com os meus deita-bofes-pela-boca-credo-que-calor. É que dias assim, de onde eu venho, é Verão no seu expoente máximo, loucura total. Isto, aqui em versão Desterro, é zero. Eu cá acho que vai ser uma e-mo-ção. Vai na volta, compro-me um abanico e fico coquete. Um poço de coquete. Mas sim, ao menos visto-me rápido. Maneiras que diz que amanhã há mais. Literalmente. 
(eu sei que "sobrevivi"a tempo maluco do Midwest, trovoadas xpto e 40ºC à sombra às sete da noite e ai Jasus que me queimam os pulmões. A grande diferença? Os sítios estavam preparados para.) 

Bom dia, bom dia!

Demoro menos tempo a vestir-me. Layer by layer já não é preciso. Muito menos tempo. Muito mais leve. Muito menos tempo a escolher. Demoro-me mais nos sapatos. Fora com as botas. Demoro muito menos tempo a vesti-la. Tudo corre melhor. Menos mangas a puxar. Menos "eeeeeee.... atenção, vai passar pela cabeça". Menos palminhas após cada passagem. Mas demoro muito menos tempo. Mas depois lembro-me da mão dela. Aquela que teima em agarrar-se à minha roupa, puxando-a. E se tempos houve em que uma camisa bastava, hoje em dia tenho de me lembrar da mão dela, a que insiste que os decotes deveriam ser mais pronunciados. Demasiadamente pronunciados. E volto atrás, para evitar vergonhas. Mas mesmo assim, muito mais leve. And here comes the sun... Bom dia, bom dia!

14 abril 2013

É a mana mais nova?

Um destes dias, fui com Piquena criatura a uma consulta num hospital público. Sala de espera de fugir. A certa altura, fiquei de cócoras junto a uma parede, com um olho no burro e outro no cigano que é como quem diz, um na vez e outro na Piquena tanque. Um casal de idosos estava ao meu lado. A senhora começa a falar comigo. A perguntar se era a minha maninha mais nova. " Oh Zé, olha lá que riqueza de bochechas. É a mana mais nova?". Por respeito, não rebolei a rir no chão ( e nojo de bichezas). Lá disse que era minha, mas filha. "Ah, benzádeus Menina, tão novinha e já Mãe. Tão novinha. Já viste Zé? " O Zé acenava que sim, mas voltava para a revista da cusquice que lhe repousava nas mãos. Fiquei a olhar de boca aberta... Eu? Novinha?!?!? Ok... ainda não cheguei aos 30 mas de aspecto chego a parecer mais velha. Cortesia de rugas na testa e outros afins. Mas ganhei o dia na mesma. E nem me digam que os senhores viam mal, esqueçam lá as diopetrias que ambos ostentavam...  não me cortem o barato! 

13 abril 2013

De saudades se faz também o caminho dela.

O que custa é secar as lágrimas gordas dela nas despedidas, quando grita e estende os braços ao Bubu. Implorando-lhe o colo e o carinho. O que custa, é ter de as secar com as minhas mãos. Quando mais uma vez, faço da Estrada caminho de saudades.

Bem-vinda Primavera...

... na melhor companhia delas, neste lugar! Bem-vinda, bem-vinda!



12 abril 2013

Oxigénio...

... em estado puro.

Tic... Tac...

Tempo. Para viver. Tempo. Para sentir. Tempo. Para chorar. Tempo. Para crescer. Tempo. Para me ensinar a saber dar valor a um sorriso de felicidade pura que me rasgam. Tempo. Para segurar. Para ser segurada. Tempo. Para ser. E a certeza que o tempo nos é emprestado mais que muita. Devolvo o empréstimo em sorrisos. Porque um abanão de quando em vez é bom. Porque todos os tic tac tic tac valem o que se faz deles. Porque nada é garantido. Porque me recuso a arrastar o corpo pela vida, preferindo levar a Vida no meu corpo. E cada tic tac tic tac tic tac é o que eu faço dele. Porque eu seguro em mim, sempre e sempre com um sorriso, a alegria de viver. 

11 abril 2013

Somethings will never change...

( tal como eu nunca beber os fundos do que quer que seja. A não ser que meta álcool. Mas isso são outros quinhentos ...) Mas diz que sim.., I choose my friends very carefully!





Bom dia... Traz um amigo também!

Piquena descobriu os encantos das pelúcias que vai (lhe vão) coleccionando. Cada um com o seu valor, que um dia há-de perceber e querer aplicar na vida. Assim o espero. Hoje, Pako Nico foi o alvo da sua ternura. Agarrou-se a ele como se não houvesse amanhã. A dar beijinhos. A estrafegá-lo pelo pescoço. A querer levá-lo para a Escola. E eu a ver a minha vida a andar para trás e mais o mono do boneco enorme escadas abaixo e ela ao colo e a tralha. E eu a convencê-la que o Pako tinha de ficar a tomar conta da Mómó, para ela não se sentir sozinha. Até que foi por o boneco de novo no sítio ondo lho deixo sempre. A guardá-la. Junto ao seu amigo Kiko. E de repente, vejo que ela já não é bébé. Que quase nada nela resta do bébé que velei muitas noites e embalei. E sinto-me feliz pela toddler que vejo. A minha. Com os seus jeitos. E manias. Que tão bem lhas sei. Como mais ninguém saberá. Nunca. Bom dia!

10 abril 2013

Eu é mais metereologia...Naaaaa!

Diz que este Sábado começa o calor nestas terras que acolhem meu desterro. Deve ser por isso que volto à lá relâmpago a Casa. Coisa pouca, horas, assim o espero. Mas diz que vai começar o meu degredo do calor. Depois, ponho-me a brincar e a ver o tempo no meu brinquedo novo, coisas muito úteis que me apraz fazer a esta hora. Importantíssimo saber as probabilidades de chover amanhã. De alto interesse. E cidade à frente, cidade atrás, canta-me a "Nuvem" aos ouvidos e ele diz "que o tempo vai mudar". E eu rio-me. Apesar de saber que com aqueles Ornatos se fala muito pouco da probabilidade de chover. Coisas assim. E que o tempo vai mudar, diz-me de novo. Coisas assim. Que não interessam muito ao Menino Jesus. Como a probabilidade de chover amanhã em Urbana, IL. E que o tempo vai mudar. Mas eu acordo a cada dia... 

09 abril 2013

A disputa das oito e qualquer coisa...

Aquilo ali no meio é o eterno companheiro da Mofli. Rebaptizada de Mómó, o monte de pelo que vedes. A agarrar o eterno Leãozinho com os seus micro dentes. Do outro lado, podeis ver 'mha rica cria. A agarrar o eterno Leãozinho. Com as mãos, também. Segue-se a disputa. Francisca perde. Francisca grita atrás da Mómó. E a cena repete-se. Até uma se cansar. Quereis adivinhar qual das duas? Eu? Rio-me. Porque estas duas são the best! Percebeis?

De azul de mar...

Sou de mar. Sou de maresia. Sou de azul imenso. De azul profundo. De azul transparente. Sou de mar de força. Revolto. Barulhento. De som suave. Sou de mar de calma. Sou de mar que corre para o rio. Incansável. Lento na sua pressa do reencontro. Sou de mar de nevoeiro a esconder o seu azul. Sou de mar. Sempre fui. Sempre serei.

Bom dia, bom dia!

Eu nunca sei da chave do carro. 5 em 5 dias da semana (útil?) gasto uns 5 minutos à procura da dita. A chave suplente encontra-se onde dá imenso jeito... a 455 km de onde estou. Nunca me lembro de a trazer. Assim, 5 em 5 dias em que preciso mesmo da chave daquele carro, gasto no mínimo 5 minutos à procura da chave. Já teve um porta chaves que acabava por facilitar. Agora anda só a chave. E todas as manhãs, a chave está em parte incerta. No bolso das calças. No bolso do casaco. Na carteira. No móvel da entrada. No arraial de brinquedos montado na sala (don't ask). É assim um bocadinho à laia de caça ao tesouro antes das dez da manhã. Acabo sempre por a encontrar, mais coisa menos coisa.  Maneiras que... Bom dia, bom dia! 

08 abril 2013

Quanto pesa essa dor?

Os olhos prenderam-se nela mal entrei na loja. Da "seita", diria o meu Pai. Teria uns 14/15 anos. Muito bonita. Daquelas miúdas a que não se fica indiferente. Não foi por isso que me chamou a atenção. Foi a pele desnutrida, baça, prematuramente envelhecida. Remexia nas prateleiras de produtos para emagrecer, com aquele ar de quem sabe perfeitamente que não o deveria mas tem de o fazer. Dei a volta e fiquei do outro lado das prateleiras, olhando-a. Teria uns 14/15 anos. O cabelo baço, comprido. Os olhos sem luz, perdidos nos produtos para emagrecer. Oscilava entre comprimidos, cremes e chás. Lia com atenção as embalagens, concentrada. Teria uns 14/15 anos. A roupa larga que não escondia a fragilidade. Estava sozinha. Talvez só. Fiquei largos minutos a olhá-la. Tive vontade de me aproximar. Sei que seria mal recebida. Sei que seria mal interpretada. Fiquei do outro lado, apenas. Com vontade de lhe dizer que há vida além disso. Que tem de parar, agora. Que se ultrapassa. Que a vida é tão melhor fora dessa prisão. Que basta ter coragem de chorar e deixar ser ajudada a erguer-se. Que as gramas da Vida valem mais que os kg do corpo. Um corpo que um dia cede ao peso dessa dor. Saiu depois de levar o que achou que lhe traria a paz a uma mente à deriva.. Não me consigo esquecer da cara dela. Não me consigo esquecer do meu silêncio ao assistir a um quase deja vú. Secretamente, quando a vi sair, pedi que deixasse que alguém a ajudasse a seguir em frente. Livre. Do alto dos seus tão bonitos 14/15 anos... 

A genética é lixada...

Poderia ser eu, também. Mas não. Fui buscá-la, como sempre. Mas chaves para entrar, biste-las. Devo-as ter deixado... sei lá, no estaminé, digo eu. Ou amanhã deparo-me com elas no chão do carro. Whatever. Tive vergonha de, pela segunda vez na mesma semana, ir pedir aos vizinhos (normais e porreiros) que me socorressem com a chave que lhes confiei. É um just in case muito frequente. Maneiras que Francisca saiu do seu dia de "trabalho", ainda estava sol e eu pensei "anda lá gastar energia que só te faz bem". Parque com ela. Francisca delirou. Com o banco. Eu que corresse e andasse do alto dos saltos se quisesse. Por hoje, já tinha feito a sua dose de actividade física, como comprova o autefite. Francisca, a mini sostra. Bicho bom de sua Mãe!

Maus, que não deixam...

E eu a achar que podia lá por "Princesa sem Reino". Muito mais pónei que o que o B.I (sim, eu ainda sou do tempo do B.I amarelo e grande que não cabe na carteira. sim, ainda não sou da era do CU...). Pena.... Princesa sem Reino calhava mesmo bem. 

That awkward moment...

Em que dou por mim a pensar se hoje o jantar vem fora. Com uma pinta desgraçada. All over the place. E mudar lençóis à média luz também curto. Uma emoção! Gosto muito de dentições infantis. Mas completas. Em construção é uma coisa assim, sei lá, filme de terror encontra filme indiano. E é como diz a Magui, não comem um prato de sopa, é o tacho. Credo! 

O meu vizinho estranho

O meu vizinho estranho tem um carro novo. Desfez o anterior e nem percebi como ele não se partiu todo. Vermelho como o anterior. Se o visse todos os dias de manhã  mal abrisse a porta, apagava-me. Mas não vejo, que sostra Mãe e sostra Piquena saem horas depois das pessoas " normais". O meu vizinho é estranho. Fuma na varanda e mete conversa quando se chega, dizendo que tem a casa fria.  O meu vizinho estranho é muito estranho. O meu vizinho estranho trata-me por " minha senhora" e eu fico para morrer. Pergunta-me se ainda cá estou quando lhe estou à frente dos olhos e pela má, ficando eu sem perceber se se refere à catraia pendurada na minha anca ou à Mofli. Nunca ajuda com a porta. Nunca ajuda com a tralha. Fica só ali, a reclamar de qualquer coisa. Minha senhora. Tão estranho é, que cheguei ao ponto de se calha ele estar de chegada ou de saída, fico dentro do carro à espera que vá à sua vidinha. Minha senhora... Está certo... 

07 abril 2013

Pancadinhas de amoooor...

Eu não vivo numa gruta. Como tal, sei perfeitamente quem é a (personagem) Liliane Marise (pancaaaadinhas de amor). Eu cá aproveito enquanto posso o facto de ser eu a decidir o que cria veste. Divirto-me com isso. Tem roupa de quase todo o estilo, mas sem cor-de-rosa ad nauseum. A ligação? Um destes dias, levou uma camisola com lantejoulas no seu autefite para o dia. Depois de lhe tirarem o bibe, foi-me dito que cria se apoquentou no seu tempo a arrancar as lantejoulas ( botão, segundo ela) e a dar a quem por ela olhava e a cuidava. "Que chatice. Anda uma Mãe a escolher poneisadas para isto?", disse.  E num repente, ao vê-lá abanar-se, dançando,  acrescentei: " tu ainda me vais sair uma Liliane Marise, estou a ver que sim. Já te arranjo as lantejoulas, tu fazes o resto". A cara de quem a cuidava denunciou o que depois disse, após uma grande gargalhada,  "A tua Mãe não tem emenda, Francisca". Eu acho que acham que eu não regulo. E eu também acho que pouco me importa. Sai aí um" se te portas mal, ai por favor... lai lai lai pancadinhas de amor".  Agora, vou-me sopeirar in pimbas mode... " tu vais levar lai lai lai pancadinhas de amor" (sim, passei muito Verão em bailaricos. E sim, ainda hoje me divirto à brava num. Algo a apontar?) 

06 abril 2013

Se calhar, sou eu...

O problema talvez esteja em mim. Tenho duas colegas grávidas. Desejo que tudo lhes corra bem. Mas dispenso mesmo falar do assunto. Mesmo que esteja a tomar café. Sinto- me desconfortável quando uma, Mãe de primeira viagem, me pergunta alguma coisa. Porque não tenho muito na minha estória que lhe queira contar ou que ache que a pode ajudar. Porque me pergunta "também te aconteceu? " E eu encolho os ombros e sorrio. Digo só que cada pessoa é diferente. Porque me pergunta se amamentei. E eu encolho os ombros e sorrio. Digo só que cada Mulher é diferente, reage diferente, pode tomar a sua opção e que cada criança é única. E que mais vale um biberão com amor que amamentar em sofrimento. Porque me pergunta porque fiz uma cesariana programada, se é melhor. E eu encolho os ombros e sorrio. Digo só que será como terá de ser mas que não é nenhum bicho de 7 cabeças. Porque me pergunta se o pós-parto foi tranquilo. E eu encolho os ombros e sorrio. Digo só para estar atenta também a si. Porque alguém faz os 1 % das estatísticas e eu fiz parte dele. E ela pergunta, curiosa, cheia de dúvidas e receios. E eu opto por não contar. Porque é a minha estória. Com a Francisca a ser o final feliz. Porque o resto, não importa. Porque não traria nada de novo às suas dúvidas. Só medos. Talvez o problema esteja em mim, mas falar da gravidez alheia é coisa que muito pouco me apraz. 

Até que podia ser o chá das tias ou das 5... Mas não!

Tempos houve em que ir lanchar fora era coisa tranquila. Pacífica. Até com uma certa pinta de pónei. Nos dias que correm, oscila entre qualquer coisa de degradante, de me fazer trepar paredes ou procurar um buraco bem fundo para me enfiar. Mãos cheias de manteiga no cabelo. No deles e no meu e no de quem se aproximou das feras. O carrinho (de 'mha rica filha, alguma coisa contra? Antes carrinhos que tachos!) a ser disputado por mais dois pares de mãos infantis. Os vidros do sítio com dedadas de gordura. Francisca resmunga " cháãooo, cháãooo". Francisca vai dizer olá às pessoas da mesa ao lado e dá um miminho com as mãos cheias de manteiga e eu hesito se peço desculpa, se faço de conta que não vi. O meu scone já nem sei quem o comeu, se fui eu, se foram eles, vou masé enfardar outro.  E a torrada, criaturas? É para quem??? Francisca a comer doce como se não houvesse amanhã, à colherada.  Eu indecisa se estava a ver ou não. Optei por ver. Uma grita. O outro corre. O maior doutrina-me nos Gormitis (é assim?), olhando-me como a pessoa mais ignorante à face da Terra porque não sei brincar à coisa.  Só faltou chamar-me burra. Um grita. A outra corre. Quero um buraco. E os vidros gordurosos. E a roupa dela com doce all over. E o carrinho que passa na porta à rasca e eu o espeto no vidro com estrondo. Ponho os óculos de sol. Quero um buraco. Don't look, don't look. Vale-me a sugar rush na veia e a vontade de me rir e solto uma gargalhada. Isto é um chá das cinco, my style. É o que há. Será que ainda lá posso voltar? 

Chá, torradas e solidão...

Há um sítio cá no Burgo onde costumo ir enfardar bombas calóricas. Tem coisas boas, muito boas. Ainda não provei nada que não me agradasse. Sempre que lá vou a meio da tarde, encontro as mesmas duas senhoras de idade a beber chá e a partilhar uma torrada. Não falam muito entre elas. Ficam só ali, sentadas. Um destes dias, levei a Francisca comigo. Francisca foi meter conversa (raio de cachopa sociável, arre). Perguntaram se era minha e como se chamava. Disse o nome da Piquena e uma respondeu-me que já ninguém chama isso aos filhos. Sorri. Voltei para a mesa. E elas ficaram de novo a beber o seu chá. Em silêncio. A aquecer uma qualquer solidão, imagino. Hoje, se lá voltar, provavelmente pela mesma hora, vou encontrá-las. Em silêncio. A fazerem companhia à solidão de cada uma, a que lhes vi nos olhos. 

05 abril 2013

Aí que lorpa sou, senhores...

Eu já devia estar careca de saber que silêncio ou equals que Piquena dorme ou equals asneira. Fui tirar um café e por milagre não tinha duas pequenas mãos penduradas nas calças. "Ena, deve estar entretida a brincar com a idiota da Fanny". Ena, digo eu agora, ena és tão lorpa!!!  Nem me dei ao trabalho de olhar para trás a confirmar se estava, de facto, a abanar a boneca que me irrita ( se me irrita...) pelas pernas tal a alegria de não ter uns kg extra para arrastar atrás. Tirei o café e que me deu para as arrumações sopeiras no pós coisa e fui-me à cozinha. Ah, benza-me dios que sou tão lorpa, digo agora. Deparo-me com Piquena criatura sentada no chão da cozinha. Com um comedouro verde na mão. Com os cantos da boca sujos. E com a mão cheia de secos da Mofli. Claro que devia ter saído um " NÃO, Maria Francisca!!!!". Mas ai que lorpa sou, perdoem-me almas sensíveis, que o que me saiu foi um " Então Francisca, ficaste com fome depois do jantar? Podias ter dito, não precisas de roubar ração". Perdoem-me senhores, que lorpa sou! 

Despertares...

Tenho no corpo várias cicatrizes. Felizmente, sempre tive a sorte de calhar em mãos experientes, fazendo com que muitas sejam praticamente imperceptíveis. Estive várias vezes numa mesa de operações. Uma delas, que deveria ter sido simples, correu menos bem. Lembro-me de ouvir "epinefrina" e de me apagarem. Acordei várias horas depois, sozinha, sem saber onde estava e a tremer de frio. Sem me lembrar do meu próprio nome. Sem saber o que me tinha acontecido e de onde vinha aquele frio indescritível. Nunca mais me consegui esquecer do acordar do escuro após o branco que me toldou os sentidos a meio da cirurgia. Ficou-me gravado na memória o frio. Talvez por isso, me sinta miserável quando tenho frio. Sinto-me absolutamente miserável quando sinto frio em mim, quando se apodera o gelo do meu corpo. Talvez por isso, goste tanto de acordar quentinha. De me sentir aconchegada. Porque nunca mais me consegui esquecer daquele despertar de um qualquer sítio negro. E do frio. Hoje, acordei quentinha. E só por isso, sou grata. Por mais um dia a começar.

04 abril 2013

A sina dos dois nomes próprios...

Eu quero nem saber se é do tempo da outra senhora ou do mais feshione possível. Sô Dona Cria levou logo com a sina dos dois nomes. Claro que muito me agrada o nome que lhe consta no Cartão ou não teria sido Maria Francisca. Eventualmente, ainda me há-de dizer que estava com os copos quando se deu a sina. Por acaso, não. Adiante. A sina dos dois nomes é coisa que me apoquentou a adolescência. Ser chamada pelos dois significava ter sido apanhada na curva. Como daquela vez em que o meu Pai me disse para ser mais esperta e não andar aos beijos atrás da sala dos Profs. Ou daquela vez que apareceu a conta do telefone com 3 dígitos e eu tentei vender que tinha sido a fazer revisões para o teste de Matemática. Yeah, right, as matemáticas eram outras. Já crescida, significava que tinha entrado em casa em estado lastimável. Senhor meu Pai pouco se importava da carga etílica, até se ria. Mas pelo amor da Santa, que fechasse a porta atrás de mim. Do lado de cá da barricada, acho-o do mais útil possível. Francisca, Tés, Teteca, Texuga, Bicho Bom, Paquica, Pequena ditadora, Eteceteras e tal, se estamos a bem. Se me sai um Maria Fraaaancisca, estamos mal. E ela sabe. Maneiras que é assim 'mha rica filha... A sina está-te aplicada. E nem pensar em daqui a uns anos ter contas de telefone de 3 dígitos na era de tanto tarifário e internetes desta vida. Teria de se revelar muito totó!

Se é do Porto...

Fui comprar um creme. Não interessa qual, que não me pagam para a publicidade e eu ainda vou descobrir se gosto. Se gostar, logo conto. Se não gostar, esqueçam o pormenor do creme. Bem, mas dizia eu que fui comprar um creme. Fui a um sítio e não tinha. Adorei, porque especialmente me molhei toda nos entretantos. Fui a outro sitio, já estava molhada e já, siga. Entrei. Perguntei. Desde o "Boa tarde" inicial, uma simpatia. Fiquei logo contentinha. Conversa e " olhe que este se adequa mais, leve antes este. (mais barato e tudo, gente!). Desculpe-me, mas a Menina é do Porto, não é?" Que sim, que sou, de sorriso rasgado. "Olhe que giro, eu também, mas já perdi o sotaque". Pois, pois eu não. E esta água de cá come-me a pele, o cabelo, a paxorra e a carteira, que o que me falta em sensibilidade nas palavras sobra-me na pele, por vezes. " Pois que sim, muito dura, muito dura. Mas é do Porto? Então espere, tome." Mão cheia de amostras de coisinhas boas para a pele. E eu toda contentinha. Não pelas amostras (que também gostei). Mas pela simpatia com que fui atendida. E por perceber que mantenho o sotaque inconfundível. Da minha Terra. 

Ah, como eu gosto de Oksana's day...

- Tem muitas camisas.
- Sim.
- Gosta muito, não é?
- É (bebendo o café depressinha, ai que se me volta a contar a amamentação do neto, tenho pesadelos.)
- Porquê?
- Porque sim (deves ter muito que ver com isso)
- Pois.
- Sim.
- Mas depois eu é que as passo.
- (WTF???) Sim. É, a Oksana passa a roupa. E passa muito bem, nada a apontar. 
- Mesmo muitas camisas aqui penduradas, de muitas cores. Esta é nova? Para Verão?
- Sim, muitas. Sim, é nova. Sim, para o Verão. 
- Mas depois eu passo a ferro.
- (passou-se hoje, só pode...) E eu pago-lhe.
- É.
- Pronto. 

03 abril 2013

Deixou-me à beira da insanidade...

... mas depois, tudo se resume a isto.

As fraldas comem-me o verniz

Isto do verniz é um drama. Drama. Drama. Drama. Primeiro, porque às vezes o verniz estala. Muitas vezes. O das unhas, não o meu. É preciso muito para me estalar o verniz e por a mão na anca, mas mesmo assim muito. Já o verniz das unhas, estala que é a loucura. Não há verniz que aguente tanto lavar de mãos e toalhitas e cremes e bodegadas e cremes para rabinhos é do melhor come verniz que existe. Vou começar a chamar-lhe o devorador de verniz, fica melhor que em conversa dizer creme de rabinhos. Come-me o verniz aquela coisa. dispensava nas mãos mas diz que piquena se usa fraldas, usa o dito. Gosto da palavra desfralde, cheira-me a ausência de devorador de verniz, além da emancipação do xixi e quejandos. Bem, tirando o estalar, o problema são as cores ( eu arranjo cada problema fútil que me espanto a mim mesma). Drama. Drama. Drama. Já gostei dos pantones pastéis e brancos desta vida mas que m'aborrecem de morte nos tempos que correm. Dão-me sono e eu sono já tenho sempre que chegue. Eu gosto é de cores escuras. Mas depois há as de Inverno e as de Verão e as pop feshione de nomes estranhos. Tipo os nomes dos da O.P.I. Por falar nisso gosto muito dos da O.P.I, não fosse o preço em terras lusas. Roubar para a estrada, sim? Maneiras que isto de se escolher uma cor é coisa difícil para a minha cabeça de fútil. Chega uma altura que digo qualquer coisa Zezinha, qualquer coisa. Escura. Menos preto. Hoje, saiu-se com um, diz ela, cereja. A mim parece-me vermelho mas eu sou moça pouco dada aos pantones, uma ignorante nessas vidas. Who cares? It's all shinny até mudar uma fralda. Que é o que se segue... 

02 abril 2013

Vamos por o sugar coat de parte, sim?( Querida Ana Maldivas...)

Querida Ana Maldivas, 
Isto há dias que não lembra ao Menino Jesus, Ana! Dias em que tudo o que me apetece é ser filha e não Mãe... Que se me esconder debaixo das cobertas ninguém me vê e me encontra e fico a fazer o que quero. Dias que começam com jactos de leite quente na cara. Ou papa. Ou mãos gordurosas no que apetecia mesmo vestir. E o drama de vestir o bibe. O drama de vestir o casaco. Ah, e o drama da cadeirinha, esse objecto de tortura psicológica na versão Toddler prancha? Há dias assim, Ana. Semanas, por vezes. Dias em que gostava de chegar a casa e morrer estúpida no sofá. Fumar um cigarro em paz com a minha música. Comer no sofá a meu bel prazer, sem vir uma mão ligeira e me mandar tudo ao chão. Dias em que só fico a olhar para o rol de asneiras e a pensar como é possível em 5 minutos fazer tanta asneira. Deixa o piaçaba criatura de Deus, ca nojo! Não podes morder a Chica. Nem a Mofli. Muito menos a Mãe. Estás a gritar porquê? Pára de gritar. E agora choras? Mas estás a chorar porquê? Não mexe, é da Mãe. Não mexe, estraga. Não. Não. Nãaaaaaaao. Não salta no sofá! Nãoooooo! Estás a chorar porquê? Não adianta rebolar no chão. Não adianta gritar mais alto. Não cedo. Não é não e quem manda aqui, sou eu! É Ana, dias há em que separar-lhe a roupa para o dia seguinte me parece tarefa difícil de executar. Noites em que me levanto cheia de frio, atordoada. Mas levanto-me... porque a única coisa neste Mundo que a cala é segurar a minha mão. Não precisa de mais, basta a minha mão na dela entre as grades da cama. Depois lembro-me do suspiro que faz quando me sente e tudo melhora. Porque há alguém para ela e esse alguém sou eu. E tudo o resto, limpo da memória. Apago. Porque não tenho outra opção. Porque há alguém para ela. E esse alguém sou eu. Tudo para te dizer, querida Ana Maldivas, que isto há dias que não lembra ao Menino Jesus. E quem não os tem neste papel, força, atirem a primeira pedra. Eu odeio maternity sugar coat. Não vou mudar. Ponto. Tudo isto para te dizer, minha querida Ana, que és capaz e não uma nódoa como Mãe. 
Um beijinho, Ana.

O tempo do meu tempo de mim...

Um bocadinho mais de sol. Um bocadinho mais de tempo. Um bocadinho mais de tempo a dormir. Um bocadinho mais de tempo acordada. Um bocadinho mais de tempo. Um bocadinho mais de tempo para mim. Um bocadinho mais de luz. Um bocadinho mais de luz, que se escondeu na janela. Um bocadinho mais de música. Um bocadinho mais de música em mim.. Um bocadinho mais de mim, de eu, só eu, sem filtro. Um bocadinho mais de tempo. Um bocadinho sem estar a segurar the fucking crown of a Queen on my head, alguém a segure por mim, comigo. Um bocadinho mais de Mundo. Um bocadinho mais de sorrisos. Um bocadinho mais de aprender. Um bocadinho mais de doce. Um bocadinho menos de tic tac doc. Só. Um bocadinho... 

The "manana" mistery...

Ela gritava. Ela guinchava. Manana manana... Eu olhava e pensava "wth é o manana manana???" ( diferente do máná máná). Desesperada... Manana manana... Eu metia mais umas gomas no bucho. Manana manana... Elementar, duh! Bem vindos â linguagem infantil onde manana manana são gomas. Se as provou? Sim! Se sai à Mãe? Pois claro! Se a cara dela a provar um doce me derreteu? Não conto! Manana mistery solved ( lembrei-me da Jessica Fletcher... Anyone?)

01 abril 2013

Um murro na barriga. (Um)A realidade.

No final, a vista turva. As realidades de muitos. Rostos de vidas, de estórias. A realidade deste meu País, à espera de algo. Ou de nada, já... Vale a pena ler. Para quem não o fez em papel, aqui.

A cancela...(ou grade... ou barreira...) Whatever... Bom dia, bom dia!

Numa das portas da sala existe uma cancela. Ou grade. Ou barreira... Whatever, é daqueles coisos que se mete para impedir criancinha em fuga do sítio destinado. Tem ainda diversas outras utilidades, como:
- fazer Francisca passar horas a fazer elevações de braços, enquanto me rio das tentativas de fuga (sim, sou uma pessoa horrível que se ri dos esforços da piquena);
- deixar cada um dos bilontras de seu lado da coisa, a olharem-se horas a fio, tipo " woooow, que cena marada";
- deixar a Mofli de um dos lados e os bilontras do outro, enquanto ela ladra à laia de " andem, andem, óh pra mim que valente e forte, não tenho medo de ti Chico, anda, anda". No momento que se abre a coisa, Mofli goes MIA;
- deixar sempre um dos 4 patas fechado na sala, tendo de ser resgatado de madrugada ( em dias de sorte e sono leve);
- serve ainda, como razão única da sua mísera existência, para eu me espetar todas, TODAS as santas manhãs que venho agarrada da vida do café. T o d a s. TODAS! Não há manhã de despejo da cama que se preze sem que eu enfaixe a anca esquerda nas laterais da coisa. Devia por-lhe um sinal sonoro. Ou umas barras reflectoras... Ou isso, ou acordar menos vezes à bruta e está a começar o dia acorda acorda acooooooooorda Mááaaaaaaaaanheeeeeeeeee, minha Máaaaaaaaaaaanhê ( the latest). Tudo o que eu queria era café e menos nódoas negras. E um pónei. Há póneis que tiram café? Não interessa... Bom dia, bom dia!